Aula de renda, no dia 02/04/12

Com três novas alunas começamos a aula. São elas: Neuza, Raquel e Renata. As duas primeiras já foram levando suas almofadas. Ficaram sabendo da oficina na própria comunidade da Barra, onde moram também. A Raquel comprou sua almofada por cerca de R$60,0. Já a Neuza pediu o marido que fizesse uma para ela, igual a da Raquel. Para fazê-la, o marido utilizou, basicamente, um cano PVC bem largo, esponja e pano. Interessante que o cano tem uma abertura, permitindo que os bilros e demais acessórios possam ser guardados dentro. Ficou bem mais barata! Depois a Dona Ivone, nossa professora rendeira, explicou-nos que o melhor mesmo é utilizar capim, macela ao invés de esponja, para que os alfinetes fixem melhor.

Colocamos, então, as cadeiras em círculo. Na frente de cada cadeira onde sentariam as pessoas, colocamos outra cadeira para as almofadas. Como tínhamos dez almofadas e eram quatorze pessoas, algumas pessoas dividiram a almofada. Neste caso, colocávamos mais uma cadeira na frente daquela em que estava a almofada. Ficava um sanduiche de cadeiras: uma pessoa, uma almofada, uma pessoa. As pessoas ficavam uma de frente para a outra.  Dona Ivone também disse que precisaríamos de um suporte para colocar as almofadas. Deste modo, elas ficariam bem firmes, ajudando-nos a equilibrar melhor os bilros nas mãos e a fazer tranças mais firmes.

O objetivo da aula era fazermos tranças. Todos/as estão começando por elas. Ah! É importante dizer que o combinado era que, em caso de dúvidas, chamássemos Dona Ivone, mas aqueles/as que já sabiam podiam ajudar os iniciantes. A Neuza, Raquel e Renata contaram com a preciosa ajuda da Ananda. De um lado ficou a Neuza, no meio a Ananda, e do outro lado ficou a Raquel e a Renata dividindo a almofada. Foi muito bacana!

Como a Neuza e Raquel estavam com bilros novos, tivemos que colocar as linhas neles. Para as tranças são necessários quatro bilros. Dona Ivone explicou o modo de colocar a linha, acrescentando que a melhor linha é a “esterlina”. Eu e a Raquel tentávamos entender o método. Percebemos que a linha deve ser enrolada com o bilro girando no sentido horário. Depois de “enchermos” os bilros, era preciso dar a “laçada”. O Nado, craque em nós, arte que aprendeu com seu avô Paulo Trajano dos Anjos (Papalo), ensinou-nos como deveríamos fazer: primeiro, a letra “e” com a ponta da linha; depois, o bilro passa por debaixo da cabeça do “e”. A Raquel deu o próximo passo corretamente, enquanto eu não. Dada a “laçada”, com a mesma linha, ela “encheu” o segundo bilro, terminando com outra “laçada”, agora nesse último bilro. Isto quer dizer que dois bilros ficam ligados por uma mesma linha. Agora era necessário fazer o mesmo trabalho em relação ao outro par de bilros. Trabalharíamos com quatro bilros, ou melhor, dois pares, cada par formado por dois bilros.

Bilros prontos, Dona Ivone cravou com alfinetes dois pedaços de papelão na almofada: um para mim e outro para a Raquel. A Neuza já estava lá na frente, toda faceira, fazendo sua trança. A Raquel chegou a dizer que estava toda “enrolada”. Realmente, enrolamo-nos em meio àquelas linhas coloridas. O Nado sugeriu que cada par de bilros tivesse uma cor, para facilitar o aprendizado e a confecção da trança. A Raquel seguiu seus conselhos e aprovou o método. Sem dizer que a trancinha fica bem bonita toda colorida. A criançada usa como pulseira. A Ananda disse estar fazendo um colar.

E agora? O que fazer? Dona Ivone demonstrou: no alfinete que fica no topo do pedaço de papelão, são dependurados os pares de bilros. Cada mão segura dois bilros, um de cada par. A rendeira fez bem devagar para pegarmos. Eu gostei muito da dica do Nado: direita para esquerda; fora para dentro; dentro para fora; subiu. Chegou a virar música! Tentando explicar: 1- o bilro da mão direita que fica à direita passa por cima do bilro da mesma mão que fica à esquerda; 2- o bilro da mão esquerda que fica à direita passa por cima do bilro da mesma mão que fica à esquerda; 3- o bilro da mão esquerda que fica à esquerda passa por cima do bilro da mesma mão que fica à direita. Dona Ivone completou: é preciso cuidado para a trança não ficar frouxa. Depois que pegamos, eu e Raquel tentamos conversar, mas, batata, a gente se enrolava. Foi preciso muita concentração até o finalzinho da aula.

No final, fotos de todas as tranças feitas! O Nado ganhou a pulseira feita pelo Lucas, saindo com ela no braço. Deixamos a sala da escola bem arrumadinha, como havíamos encontrado. E combinamos que na próxima aula talvez a gente faça uma dança imitando o movimento dos bilros. O Nado fez trabalho parecido com um grupo de idosos/as da Barra da Lagoa há um tempo atrás… Amanda Gonçalves, Ana Catharina e Yolanda levaram emprestado almofadas e apetrechos para treinar. A primeira disse já ter encomendas. As novatas mais velhas foram embora tranquilas. Afinal, Dona Ivone havia prometido aulas de reforço para que pudessem acompanhar as crianças já craques na trança.

 

 

[Texto e atualização: RenatA. B.]

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